Minoritários querem compor com governo para mudar Eletrobras
Por: Stéfanie Rigamonti
Fonte: Folha de S. Paulo
Com menos de 7% do capital votante da Eletrobras, o banqueiro Juca Abdalla
Filho e o grupo ligado a Marcelo Gasparino disputam duas das dez vagas do
conselho de administração da companhia e articulam uma composição com o
governo que, caso seja confirmada, trabalhará para destituir o atual presidente,
Ivan Monteiro. A assembleia de acionistas que decidirá a nova composição do
conselho está marcada para a próxima quarta (30).
O Painel S.A. confirmou essa intenção com três interlocutores relevantes do
governo. Contudo, eles afirmaram que, até o momento, não há qualquer
orientação do Palácio do Planalto para "fechar acordo" em torno dessa
composição ou de qualquer mudança na companhia.
Abdalla e Gasparino concorrem a dois dos dez assentos no conselho de
administração, responsável por definir e aprovar as principais estratégias da
companhia.
No entanto, eles disputarão os votos dos acionistas por conta própria porque
seus nomes não foram recomendados na chapa defendida pela própria
Eletrobras.
A companhia afirma haver impedimento porque ambos fizeram parte do
conselho da Petrobras, estatal que concorre com a Eletrobras no setor de
energia.
Acordo no STF
Privatizada em 2021, a Eletrobras passou por turbulências logo no início do
governo Lula. A AGU (Advocacia-Geral da União) foi ao Supremo Tribunal
Federal, questionando a governança da empresa, que reservou somente uma
cadeira à União, apesar de possuir quase 40% de participação. Além disso,
travou seus votos ao limite de 10% das ações.
Após acordo fechado entre o governo e a Eletrobras, a União passará a contar
com até três assentos.
Questionado, Gasparino disse somente que Ivan Monteiro foi o melhor CEO
com quem trabalhou até hoje. A coluna tentou contato com Juca Abdalla por
meio de seu advogado, Leonardo Antonelli, mas ele informou que o banqueiro
não fala com a imprensa.